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Moda agênero: Marcia Jorge fala sobre conceito de se vestir com liberdade e expressão.

Produtora de moda e Cool Hunter observa que apesar de devagar, as pessoas estão superando os obstáculos ditados pela construção social na moda.

A diferenciação de gêneros sempre existiu como uma maneira de impor o que é do homem e o que é da mulher. Mas quando se fala em moda agênero ou genderless, falamos em liberdade de escolha e expressão. Marcia Jorge – stylist e produtora de moda expõem que quando há o rompimento social em nomear peças por gênero, as possibilidades do vestir e se expressar se tornam infinitas e isso não tem ligação alguma com orientação sexual.

Junto & Misturado – O que é e quando surgiu a moda sem gênero?

O conceito agênero surgiu depois da terceira onda do movimento feminista, nos anos 90, mas antes disso, com o intuito de instigar liberdade de movimento para mulheres irem e virem, a conhecidíssima e clássica Coco Chanel lançou em suas coleções calças, assim como as gravatas e bolsas e em 1966, a Yves Saint Laurent trouxe o smoking para as mulheres – o que na época foi um susto a todos, pois calças e peças do tipo eram exclusivamente masculinas.

Quando perguntado à Marcia Jorge sobre, ela diz que “a moda sem gênero renunciou o binarismo masculino e feminino. Mas engana-se quem pensa que moda tem gênero, o que tem gênero são os significados que a sociedade deu para as peças: Roupa de mulher, roupa de homem. Sabe-se que nosso gênero é determinado biologicamente, então o fato da maior parte dos pais colocarem saia cor de rosa na filha, ou bermuda azul no filho, mesmo quando eles não têm poder de escolha, nos mostra que crescemos vendo e aprendendo essas imposições e limites”.

Modelagem e tamanhos – o que importa é se sentir bem com na peça.

Artistas e referências mundiais como Harry Styles e Billie Ellish são nomes de grande projeção que estão contribuindo para difundir a proposta, pois são adeptos do uso de roupas genderless. Apesar do avanço, “um homem vestido de vestido florido porque ele escolheu estar assim, infelizmente ainda recebe olhares tortos, especialmente de pessoas com mais idade e/ou pouca informação” relata Marcia.

O que a sociedade precisa perceber é que tudo se trata de rótulos. Um vestido é um vestido, porém, a sociedade definiu que vestidos são para mulheres. Hoje você está o todo, amanhã você continuará o SEU todo. O futuro será fazer escolhas de peças, independentemente de onde estão localizadas nas lojas, aliás, divisão de seção masculina ou feminina também será considerada ultrapassada” finaliza a profissional.

28 de agosto de 2022

 

 

No mercado há quase 25 anos, Marcia Jorge fala sobre liberdade ao se vestir e se expressar no Dia Mundial da Moda.

O Dia 21 de Agosto é homenageado mundialmente pelos apreciadores da moda.

Presente em nossas vidas até mesmo quando achamos que não, como quando calçamos um par de meias, a Moda pode ser considerada um organismo vivo com uma capacidade imensa de ressignificação, reprodução, regeneração e renovação. Para homenagear o setor, o dia 21 de Agosto é comemorado o Dia Mundial da Moda. Referência em produção de moda e grande defensora adepta da moda como forma de expressão, Marcia Jorge fala sobre a liberdade ao se vestir que foi sendo conquistada ao longo da linha do tempo através dos anos.

Durante muitos anos, fomos submetidos a uma enxurrada de regras da moda que visavam atender aos padrões estéticos e encaixar-nos naquelas caixinhas preestabelecidas do que a sociedade espera de nós. Mas calma. Tudo isso tinha a ver com o momento histórico, necessidades culturais e protocolares dos tempos. Muito se ouvia o termo “menos é mais”. Mas o que exatamente significa isso? Segundo Marcia, “Uma tentativa de controlar exageros. O chique é mais simples. Em alguns casos sim, outros não. Tudo depende”.

O exagero de um é a normalidade do outro. Quem define é o nosso julgador interno.

Quando colocamos medidas de padrão de que é algo exagerado ou não, estamos colocando conceitos em caixas. “Eu, por exemplo, tenho uma maneira de me vestir com muita liberdade. Uso brilho de dia, muitas cores juntas, misturo estampas, texturas, transparência. Para alguns, pode ser um exagero, para mim, é absolutamente natural” relata a profissional.

Apesar disso, o exagero no consumo é uma realidade bem séria, pois pessoas seguem comprando exacerbadamente. Enquanto os aplausos e holofotes continuarem para pessoas que cultivam o excesso, esse será um comportamento replicado e desejável. Está na hora de pessoas perceberem que o básico funciona.

O E-commerce e sua inteligência artificial como impulsionador ao consumo.

O tabu de não poder repetir roupa, têm sido totalmente potencializado pelas redes digitais. “Tudo está concentrado na produção de imagem através da construção de fotos e vídeos. Por esse motivo, escuto muitas pessoas descartando determinadas roupas por já terem saído em muitas fotos com elas” comenta Marcia Jorge. Muitas pessoas ainda se espantam como muitas vezes os aplicativos sabem exatamente o que estávamos procurando ou desejando. Sua inteligência artificial está diretamente conectada à produção.

A mistura entre o vintage e o atual bem praticada pode criar histórias incríveis.

Todos os grandes criadores de moda que conheço aqui no Brasil e no mundo, visitam o passado para as suas novas criações. Existe um tesouro na moda vintage que aos poucos as pessoas estão descobrindo. É fantástico ter a oportunidade de montar looks absolutamente exclusivos, muitas vezes a preços convidativos e de quebra contribuir para a sustentabilidade” finaliza a produtora de moda.

Em suma, montar boas propostas de roupas é treino. Quanto mais você exercitar possibilidades, mais terá conhecimento do seu corpo, dos seus limites e das suas peças. Moda é uma forma de se expressar e pessoas querem ser enxergadas através delas.

17 de agosto de 2022

 

Grande observadora de pessoas e comportamentos, Marcia Jorge fala sobre profissão que dita tendências na moda.

Profissional Cool Hunter relata que a observação da realidade cotidiana das pessoas é o que de fato fará com que uma pesquisa de tendência seja eficaz.

Vivemos em tempos líquidos. Muitos desejos e demandas mudam como a velocidade da luz, então o que ontem era considerado trendy, hoje já não é. Mas quem são as pessoas que a partir de um estudo, detectam qual será o corte de cabelo tendência, retorno de roupas dos anos 20,60 ou surgimento de novas? O profissional Cool Hunter. Segundo Marcia Jorge –Produtora de Moda e Cool Hunter, esse profissional é uma máquina de raios-X da sociedade.

O que é Cool Hunter?

Considerado uma das profissões do novo milênio, o Coolhunting é uma atividade voltada para a detecção e previsão de tendências. Inicialmente, o Cool Hunter era associado apenas à moda e ao marketing, mas atualmente o profissional pode atuar na gastronomia, no design, na tecnologia, arquitetura, publicidade, serviços em geral. Tudo que envolve consumidor, o profissional se torna relevante, afinal, somos todos influenciados por tendências, seja qual nicho for.

Apesar de transformações reais de comportamento social demandarem tempo, o profissional que trabalha nessa área é um observador de excelência, dono de uma curiosidade estratégica que transita pela moda, pelo cinema, música, televisão, internet, cultura pop, artes em geral, tecnologia e consegue extrair de tudo isso informações, sinais, padrões de repetição e demandas que podem ser muito valiosas para o mercado. Ele não só apenas acompanha os movimentos, como também pode prever as mudanças que vão acontecendo no comportamento das pessoas. “Um negócio só cresce se estiver conectado com as expectativas do seu público. Isso só é possível através da identificação dos movimentos que estão ocorrendo a nossa volta, o chamado Zeitgeist (espírito do tempo em alemão)” comenta Marcia.

O ciclo de uma tendência que se torna um hit através de grandes insights:

Ao observar pessoas, consequentemente se observa tudo o que está ao redor delas, fazendo com que seja possível transitar por diversos grupos e ambientes. “Uma pesquisa rica é feita, imagens são colhidas, depoimentos, palavras-chave, um moodboard poderoso de inspirações e ideias. Quando se trata de levantamento de informações, quanto mais, melhor. O ouro está nos detalhes, e geralmente a novidade vem dos jovens“.

Quando perguntado para a profissional quais ferramentas são utilizadas para a pesquisa e como saber o que virará tendência e hit, ela responde “A partir de um pequeno grupo, chamado Early Adopters (primeiros adeptos a algo que está surgindo no mercado), observa-se um padrão de repetição, uma linguagem ou um costume. Em um gráfico crescente, essa ideia vai se espalhando para uma maior quantidade de pessoas. Essa mesma tendência atinge um número maior de pessoas e se populariza. Ao mesmo tempo deixa de ser exclusiva, se torna mais acessível e muitas vezes, ganha versões mais baratas. Atinge o nível de saturação. Entra em decadência, em desuso, em liquidação”.

Com a internet e o metaverso estando cada vez mais imersiva em nossas vidas, não seria diferente com o cool hunting. Riquíssimas ferramentas de pesquisa facilitaram a vida dos profissionais de pesquisa de tendências.  Apesar disso, é envolvido muito trabalho de campo em diversas fontes, não apenas na internet. É fato que a rede ajuda, mas para Marcia, a experiência in loco é ainda mais profunda e real.

10 de agosto de 2022

Grande defensora do consumo têxtil consciente, Marcia Jorge fala sobre a revolução do metaverso na moda.

 

Referência em styling de moda e campanhas editoriais fala sobre como ter avatares além dos nossos corpos físicos, traz uma ideia de liberdade fascinante na moda.

Desde o primeiro momento em que ouvimos falar sobre metaverso, surgiram diversos questionamentos referente aos próximos passos da nova tendência tecnológica. Não é de hoje que a maneira como nos conectamos entre si e entre marcas, produtos e serviços, está sendo revolucionada à medida que espaços virtuais ganham cada vez mais espaço em nossas vidas. Por mais abstrato que seja, você já percebeu como a experiência de compra está cada vez mais imersiva e interligada ao digital?  Marcia Jorge – stylist de moda, cool hunter e grande defensora do consumo consciente, comenta sobre a possibilidade da sustentabilidade através do metaverso no mundo da moda e quais impactos essa realidade gera.

O metaverso é uma camada de aproximação imersiva da vida digital entre o mundo físico e virtual. Daqui a um tempo, acredita-se que haverá uma complementaridade e uma integração tão simbiótica entre o físico e virtual que não será possível fazer distinção de tal. Mas afinal, o que é irreal? Segundo a profissional, “Depende do ponto de vista. A realidade não é apenas um conceito subjetivo, mas um conceito plástico, relativo e dinâmico, pois dependendo do contexto, o irreal pode se tornar real. Um grande exemplo é poder conversar com a central de atendimento do banco através de uma inteligência artificial.” explica Marcia. Sejamos sinceros: Quem nunca perdeu a paciência com o atendimento e quis xinga-lo como se fossem reais? Essa é uma observação de quanto o real e o irreal se misturam e se perdem atualmente.

Metaverso e moda: De que maneira se correlacionam?

O mundo está cheio de roupas, e o ser humano segue com sede de consumir.  O consumo excessivo, fruto do modelo de produção fast-fashion (moda rápida), se torna cada vez mais nocivo ao meio ambiente. Poucos sabem, mas nosso lixo têxtil leva cerca de 200 anos para se desintegrar e isso gera muita preocupação.

O metaverso traz a possibilidade de, daqui a um tempo, ser possível testar combinações de roupas em seus próprios avatares através de guarda-roupas digitais. Isso fará com que não apenas contribuamos para um consumo mais consciente, mas economizemos tempo e como o famoso ditado diz: Time is money (Tempo é dinheiro). Literalmente está se abrindo um novo mundo de possibilidades para serem conhecidas, aprendidas e exploradas.

Apesar de parecer uma ideia longe de ser colocada em prática, em 2019, a Louis Vuitton pegou carona do mundo dos gamers e criou uma coleção de skins – roupas virtuais para os avatares do jogo League of Legends. Na sequência, a Gucci criou um jardim virtual com uma riqueza ímpar de detalhes em que é possível não só passear, mas também fazer compras de produtos físicos e também virtuais. Além deles, Balenciaga, Tommy Hilfiger e Adidas também desenvolveram coleções inteiras para vestir avatares.

Em um mercado regido por desejos e aspirações como a moda, de que maneira essa tecnologia pode influenciar positivamente?

“A produção de uma roupa virtual emite 97% a menos de carbono que uma física, não consome água (estima-se que 2720 litros de água sejam necessários para a produção de 1 camiseta de algodão), nem mão de obra subvalorizada, coisa que vemos constantemente hoje em dia, principalmente nas grandes lojas de departamento”, finaliza a profissional. Essa pode ser uma linha de raciocínio para pensar sobre como dar vazão à sede de consumo, especialmente para a geração Z, que notadamente é uma geração mais atenta a questões de sustentabilidade que todas as outras. Mas será que essa interseção entre o físico e o virtual não irá transformar também a maneira como desejamos as coisas? Segundo Marcia que é a favor da moda descomplicada, “As regras que regiam o vestir eram literalmente sufocantes. Crescemos ouvindo absurdos. Roupa de menino, roupa de menina, roupa de gente magra, roupa de gente gorda. A roupa como uma ameaça e a anatomia do corpo como um empecilho. Uma relação de altíssima toxicidade que com o tempo estamos conseguindo dar novos significados, mas ainda temos muito que caminhar”.

O que nos resta é aguardar os próximos capítulos.

28 de julho de 2022

 

Referência no mercado, Marcia Jorge desmitifica moda estereotipada através da psicologia comportamental.

Por toda experiência que Marcia tem, recebeu diversos convites para realizar palestras, onde sentiu que tinha que levar o seu trabalho para outro patamar: Ensinar, ajudar e compartilhar.

Instruída por Roberto Shinyashiki, a profissional já realizou palestras sobre tendências de consumo e comportamento não apenas em marcas de moda e joalheria, mas também em empresas dos mais diversos setores. Por exemplo, falou sobre moda descomplicada na Porto Seguro, na Uniodonto, sobre Mercado de Luxo para a equipe da Clinica do Dr Amilton Macedo. Realizou treinamento e alinhamento de dresscode para as jornalistas da MD Assessoria, da Marcia Dadamos. Além disso, realizou palestra internacional na Vault de São Francisco, EUA, um coworking com empresas de alta tecnologia em diversos segmentos.

De onde vem tamanha inspiração?

Segundo a profissional, de absolutamente tudo. O ato da pesquisa é através da vida real, andando pelo Brasil, pelo mundo, pela rua, pelas lojas e consumindo muita arte especialmente da fotografia, pintura e cinema. “Adoro olhar em volta o que as pessoas estão usando, desejando, como estão digerindo as informações de moda que recebem diariamente e me conecto pelo o que posso acrescentar. Minha missão é fazer com que todos se sintam confiantes, capazes e encorajados. Nunca se sentindo inadequados ou faltantes de algo.” Finaliza a profissional.

18 de julho de 2022